Uma simples questão, para a qual até já se sabe a resposta, pode fazer tanta diferença.... Bem, não vou expor, vou opinar. Não me apetece dormir e, à falta de melhor, escrevo idiotices que ninguém vai ler. Consideremos isto o rescaldo de um determinado evento que acabou à pouco.
Acho que um dos maiores enganos que pode haver, é acreditar nas coisas porque queremos que elas elas sejam reais, não porque as tenhamos visto, ou porque realmente o são. Suponho que a necessidade leve as pessoas ao engano, a crerem em algo que não é, que não pode ser, substanciado.
Mas será que a nossa desconfiança justifica o engano alheio como acreditava La Rochefoucauld? Dificilmente.
Elevar alguém, ainda que esse alguém queira ser elevado, sem crença, com palavras que o quotidiano não apoia, é criar uma ténue escada de fumo que, invariavelmente, ruirá com os gestos que provam a falácia das palavras.
Descartes já o tinha percebido, a liberdade da indiferença é o grau mais baixo da liberdade...
E quem tratamos com indiferença? Aqueles de quem não esperámos nada e nada receámos. Os que têm o seu lugar em dúvida, os pesos que fazemos crer leves para depois não os carregar, deixando-os ancorados a uma verdade que já julgavam falsa.
Eu que tenho o enorme defeito de tentar justificar tudo e desculpar todos, tenho sérias dificuldades em compreender, mais ainda em aceitar, os extremos a que levámos a evolução de Darwin. Já não é o mais forte; é o mais forte, o mais bonito, o mais simpático, o mais divertido, o melhor contador de histórias e por aí fora. Escolhemos o melhor do melhor, escurraçando o pior, e deixámos o intermédio sem lugar, a mais, a chiclete no fundo do sapato, aquele que de vez em quando tem uma migalha pela qual devia estar grato. Não vejo gratidão possível.
Quem se refugia na solidão, fá-lo por cansaço e desistência de provas do mundo, os nulos que às vezes ornamentam a magnificência dos grandes, quando lhe é dada a honra de o fazer, optam por recolher porque, na realidade factual do mundano, não são queridos à luz do dia. São um embaraço. Se calhar é preferível ser-se só...
Do sofrimento às vezes resulta bondade, mas esta é um horror ainda pior que o primeiro. Cansamo-nos de lutar, temos medo de sofrer e acabámos por nos reconciliar com as próprias mentiras que causaram o sofrimento original. Porquê? Porque queremos melhorar a nossa situação. Mais nada.
"Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças, pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas."
Schopenhauer
29 de agosto de 2009
23 de agosto de 2009
Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Poema de Fátima Irene Pinto
Não é plágio, é cultura...
"A avaliação moral teve como consequência obliterar gravemente o juízo: o valor do homem em si é depreciado e quase ignorado. Persiste uma teologia simplista: o valor de um homem é apreciado unicamente em função dos homens."
"A ideia do suicidio é uma grande consolação: ajuda a suportar muitas noites más."
Friedrich Nietzsche
"O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da desumanidade."
Bernard Shaw
19 de agosto de 2009
28 Anos

Tudo tem relevância, Newton foi o primeiro a perceber que para cada acção há uma reacção, isto não é só física, é vida. Uma porta giratória que encrava e atrasa a saída de alguém 10 segundos, 10 segundos que impediram alguém de conhecer outro alguém, alguém de ver um acidente e salvar uma vida, 10 segundos, um alguém e muitos outros que foram ou não tocados por isso, uma vida em 10 segundos ou numa palavra que ficou por dizer. Temos peso, somos responsáveis por muito que nunca o vejamos ou percebamos.
Acho que esse é parte do problema, nunca sentimos o nosso lugar de uma forma directa, o cosmos, esse todo de qual somos parte não nos põe a mão no ombro, não nos diz que vai acabar tudo bem, não fala nem sente, existe.
Alguém me disse à pouco tempo que, nos tempos que correm de crescentes formas de comunicação, a solidão se torna cada vez mais profunda e irremediável. No entanto, usando a comparabilidade social, tendo em conta que existe muita gente na mesma situação e muita mais ainda com piores desígnios, esta devia ser de certa forma aceite. Caríssima, lamento mas, não sou, nem serei nunca capaz de encontrar felicidade na miséria dos outros. É suposto eu deixar de sentir por questões de comparabilidade? Aparentemente, mas falha-me o engenho, a ginástica mental de tirar prazer de alguém que chora com fome. Não me alivia a dor, entristece-me ainda mais que tal possa acontecer. Não me sinto menos só por isso.
Sim, não sou o único mas isso só agrava o meu estado, se calhar alguém duas ou três portas abaixo está neste momento no seu blog, a escrever o que eu sinto, a sentir o que eu penso, a pensar o que eu escrevo. Mas está três portas abaixo a um mundo de distância. Inatingível, assim como eu.
Ontem fiz anos. Dei por mim a fazer horas no emprego, unicamente para não estar só. Foi uma bofetada da realidade, e uma bem dura. Inventei uma festa que não ia existir, com amigos que não tenho e alegria que não sinto. Por muito má que fosse a situação, admiti-la ainda seria pior. Prefiro estar miserável a ser coitadinho.
Escrevo isto porque não o consigo dizer, já me desabituei de falar, falta de público, falta de engenho, não sei. Estou cansado.
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