29 de agosto de 2009

After Party

Uma simples questão, para a qual até já se sabe a resposta, pode fazer tanta diferença.... Bem, não vou expor, vou opinar. Não me apetece dormir e, à falta de melhor, escrevo idiotices que ninguém vai ler. Consideremos isto o rescaldo de um determinado evento que acabou à pouco.

Acho que um dos maiores enganos que pode haver, é acreditar nas coisas porque queremos que elas elas sejam reais, não porque as tenhamos visto, ou porque realmente o são. Suponho que a necessidade leve as pessoas ao engano, a crerem em algo que não é, que não pode ser, substanciado.
Mas será que a nossa desconfiança justifica o engano alheio como acreditava La Rochefoucauld? Dificilmente.
Elevar alguém, ainda que esse alguém queira ser elevado, sem crença, com palavras que o quotidiano não apoia, é criar uma ténue escada de fumo que, invariavelmente, ruirá com os gestos que provam a falácia das palavras.
Descartes já o tinha percebido, a liberdade da indiferença é o grau mais baixo da liberdade...
E quem tratamos com indiferença? Aqueles de quem não esperámos nada e nada receámos. Os que têm o seu lugar em dúvida, os pesos que fazemos crer leves para depois não os carregar, deixando-os ancorados a uma verdade que já julgavam falsa.

Eu que tenho o enorme defeito de tentar justificar tudo e desculpar todos, tenho sérias dificuldades em compreender, mais ainda em aceitar, os extremos a que levámos a evolução de Darwin. Já não é o mais forte; é o mais forte, o mais bonito, o mais simpático, o mais divertido, o melhor contador de histórias e por aí fora. Escolhemos o melhor do melhor, escurraçando o pior, e deixámos o intermédio sem lugar, a mais, a chiclete no fundo do sapato, aquele que de vez em quando tem uma migalha pela qual devia estar grato. Não vejo gratidão possível.

Quem se refugia na solidão, fá-lo por cansaço e desistência de provas do mundo, os nulos que às vezes ornamentam a magnificência dos grandes, quando lhe é dada a honra de o fazer, optam por recolher porque, na realidade factual do mundano, não são queridos à luz do dia. São um embaraço. Se calhar é preferível ser-se só...

Do sofrimento às vezes resulta bondade, mas esta é um horror ainda pior que o primeiro. Cansamo-nos de lutar, temos medo de sofrer e acabámos por nos reconciliar com as próprias mentiras que causaram o sofrimento original. Porquê? Porque queremos melhorar a nossa situação. Mais nada.

"Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças, pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas."
Schopenhauer

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